Advogada tributarista e escritora. Doutora em Finanças Públicas, Tributação e Desenvolvimento pela UERJ. Especialista em Direito Tributário. Associada à The British Chamber of Commerce and Industry in Brazil. E-mail para contato: alinedefaria.tributario@gmail.com. Instagram: alinede_faria
Recentemente, após registrar um boletim de ocorrência por violência doméstica, a vida da apresentadora Ana Hickmann ganhou os holofotes da mídia nacional. Desde o episódio, centenas de matérias, reportagens e vídeos acompanham os mínimos detalhes das agressões, das dívidas do casal e do divórcio milionário.
Mas por que tanto alarde em torno de um acontecimento que deveria ser trivial? A resposta é muito simples: violência psicológica, patrimonial e física são uma rotina em muitas famílias brasileiras cujo desfecho coloca o Brasil no ranking de países com elevadas taxas de feminicídio. Milhares de mães e filhos(as) vivenciam essa realidade cruel todos os dias e, por isso, o assunto desperta tanto interesse.
A quantidade de mulheres que relatam que já sofreram ou estão sofrendo diversas formas de violência por estarem em relacionamentos falidos e abusivos é expressiva. O divórcio implica para muitas mães assumirem uma responsabilidade financeira e emocional sobre a criação dos filhos que grande parte não consegue suportar, ninguém suportaria sozinha(o).
E não, as coisas não são tão simples na vida real. A vítima de violência doméstica precisa de uma rede de apoio para ter condições e conseguir sair daquela situação de infelicidade, depressão, dependência emocional e financeira. Engana-se quem pensa que muitas mulheres estão em determinada condição porque querem. Na maioria dos casos, o abusador exerce pressão psicológica combinada com chantagens, ameaças, inclusive de morte até aos filhos e familiares.
A dificuldade em compreender a complexidade de situações de violência doméstica decorre da inexperiência de quem se sente apto a realizar julgamento moral e/ou religioso, especialmente pelo fato de que as agressões são realizadas entre quatro paredes, quando a vítima está mais vulnerável e na ausência de testemunhas (que infelizmente, muitas vezes, são os próprios filhos).
Portanto, ao menor sinal que revele uma violência, seja através de palavras mais ásperas, palavrões de baixo calão, ofensas, proibição de usar determinadas roupas, de frequentar alguns lugares ou a tentativa de afastar a pessoa de familiares ou amigos(a) deve ser interpretada como um sinal de alerta. A melhor postura quando a vítima relata as agressões ou comportamentos agressivos do companheiro(a) é ouvir sem julgamentos, a preocupação deve ser com a integridade física e psicológica de que está vivendo aquele momento e não em expressar convicções pessoais. Os sentimentos da vítima não devem ser invalidados ou diminuídos, talvez ela tenha demorado muito tempo a ter coragem de falar sobre o assunto.
Nesses tempos de red pill, de embates entre pautas feministas e masculinas, nessa briga de egos, precisamos recuperar nossa capacidade de refletir como seres humanos. Precisamos de empatia para entender que dor e sofrimento não fazem parte de um relacionamento saudável em qualquer classe social.
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