O nome já se desfez da memória. Estava sendo montado, coberto com uma lona meio amarela desbotada, num terreno espaçoso, no final da rua Major Gote, quase ao lado da chácara da família José Roriz Costa, em Patos de Minas.

Na época, nos anos 50, era um circo itinerante de porte médio, com várias atrações: malabaristas, palhaços, contorcionistas e o que mais fascinava: trapezistas. 

Do pouco ou nada que a cidade oferecia, naquele momento, a diversão que ali se instalava, o show circense, era de uma magia empolgante.

“Respeitável público…”

Era o mestre de cerimônia.

O picadeiro circular, com cadeiras em torno e atrás, numa separação quase que simbólica, também em círculo, as arquibancadas, com dez lances.

Fui contemplado pelo meu patrão com uma permanente de um camarote, para assistir, se quisesse, ao espetáculo, todas as noites. E aplaudi doze noites. Que felicidade!

Na quinta, sexta ou sétima noite, fui agraciado com uma foto da jovem que fazia o número do trapézio com o pai e a mãe e que, segundo o meu pensamento, era o mais aplaudido. E muito mais aplaudido. Aplaudidíssimo!!!

Pré-adolescente ou já adolescente, fiquei lisonjeado, emocionado, e o que mais? Uma foto!

Na décima segunda noite estava lá, no mesmo camarote, sorridente, aplaudindo o fim do último espetáculo. O último!

No apagar das luzes do finalmente, aquela jovem, com um sorriso de despedida, aproximou-se de onde eu estava e disse-me:

– Quando você tiver uma filha, coloque o nome de Stela!

Muitos circos passaram pela cidade e pela minha vida. Locais e tamanhos diferentes. E os com animais? Sempre com malabaristas, palhaços, contorcionistas e trapezistas…

Trapezistas!!!

Anos e anos se passaram e nasceu minha filha.

– Lembrei-me apenas dela: Stela!