Nas últimas 24 horas, o Brasil anotou 5.132 focos de incêndio, concentrando 75.9% das áreas afetadas pelo fogo em toda a América do Sul, informa o ‘Programa Queimadas’, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A alta no número de focos se deu no bioma Cerrado, que ultrapassou a Amazônia nas frentes de fogo e registrou 2.489 focos ontem, dia 10. Em Minas Gerais, a quantidade de incêndios é a maior dos últimos 14 anos:  apenas em agosto, foram mais de dois mil pontos no território mineiro.

Uma das maiores especialistas em fogo do país, a diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, diz que o avanço dos incêndios em grande parte do país preocupa principalmente pela antecipação do período crítico. “Não queremos que seja como foi o fim do ano passado, quando em outubro a situação piorou na Amazônia, principalmente em novembro e dezembro, e a chuva só começou em janeiro. Então, fico preocupada como será depois de setembro”.

Nesta primeira quinzena de setembro, os focos distribuídos pelo país superam o dobro do que foi observado em 2023. Em apenas dez dias foram 37.492 focos registrados, enquanto que no mesmo período do ano anterior haviam sido 15.613. Para Ane Alencar, este ano o fogo foi potencializado por uma confluência de fatores que vão desde fenômenos como o segundo ano de El Niño, seguido de La Niña, passando pelo aquecimento global e a ação humana.