Para Carlos Nobre, referência mundial sobre o tema, propostas apresentadas na COP29 até agora são insuficientes.
O clima mundial vive período de intenso debate na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), realizada em Baku, no Azerbaijão, de 11 a 22 deste mês. Líderes de 198 países estão reunidos e, já no começo do encontro, o climatologista brasileiro Carlos Nobre, referência sobre o tema, previu o caos planetário, se não houver avanço coletivo na meta planetária de reduzir emissões de gases de efeito estufa.
“Já estamos há 16 meses com a temperatura elevada em 1,5 grau Celsius (ºC). Existe enorme risco de ela não baixar mais. A partir de agora, se ficar três anos com 1,5 grau, a temperatura não baixa mais”, afirma. Para o cientista, a redução de gases de efeito estufa é um desafio para o mundo, que continua a ver essas emissões de gases crescerem e que ainda depende de combustíveis fósseis, principais vilões do problema.
Para Nobre, a maior parte dos líderes presentes na conferência não acompanha a urgência. Há poucos meses do fim do prazo de atualização de metas, em fevereiro de 2025, poucos países renovaram as ambições. O Brasil, próximo país a sediar a conferência em 2025, foi um dos poucos a atualizar a Contribuição Nacionalmente Determinada, baixando a meta de emissões de gases do efeito estufa nos próximos 11 anos.
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“SUICÍDIO PLANETÁRIO”
“Essa COP29 tem que ser desafiadora. Ela não pode ser igual à COP28. Tem que começar a debater o risco de termos um planeta chegando até a 2,5ºC em 2050. Estamos a caminho de um suicídio planetário se não superacelerarmos a redução das emissões”, reforça Nobre. Além de reduzir gradualmente os problemas, o climatologista lembra que os países precisam também se preparar para o que não terá mais retorno.
“Explodiram os eventos extremos em quase todo o mundo e, mesmo em países desenvolvidos, esses eventos extremos são graves. Veja os furacões cada vez mais fortes pegando os Estados Unidos, o México. O furacão Leme, antes do Milton, matou mais de 200 nos Estados Unidos. Em Valência, na Espanha, houve um evento extremo de chuva, com quase 500 milímetros de chuva em seis horas, mataram mais centenas”, diz.
Embora as políticas públicas e o alto financiamento das ações sejam iniciativas ao alcance das decisões globais, o climatologista lembra que todos podem contribuir, já que o avanço tecnológico tem viabilizado cada vez mais o consumo consciente.
“No Brasil, 75% das emissões foram o desmatamento da Amazônia e do Cerrado. Outros 25% foram emissões da agropecuária, principalmente da pecuária. Já há mercados frigoríficos que vendem a carne da pecuária sustentável, da pecuária com muito mais baixa emissão. Aí o preço dessa carne é igual, porque a pecuária regenerativa, ela é mais lucrativa, mais produtiva, então não tem variação de preço”, explica.
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