À ordem

Ernani Spagnuolo

Advogado, Cientista Jurídico, Político e Social. Instagram: @uadvogado

Dezembrite

São os anos finais ou os finais de ano que deixam as pessoas pensativas e introspectivas?

 

O ritual anual do Natal do Ocidente associa o fim de um ano ao fechamento de um ciclo, como se algo terminasse e algo novo estivesse prestes a começar. Mas, afinal, isso não acontece todas as vezes que o sol nasce e se põe?

 

Então, por que dezembro, o fim de um ano, é sempre tão mais angustiante e esperançoso para algumas pessoas do que os outros meses?

 

Chegamos ao ponto de cunharmos termos como “dezembrite”, que, embora ainda não reconhecido pela psicologia, logo deverá ser incorporado ao vocabulário das doenças mentais, para se referir a um conjunto de sentimentos e experiências (negativas) que muitas pessoas vivenciam no final de cada ano.

 

As experiências geralmente se traduzem em ansiedades, angústias e sofrimentos acumulados ao longo do ano, que as pessoas projetam como se o próximo ano fosse a solução para tudo isso.  

 

Dizer que a “dezembrite” é uma frescura seria desrespeitoso com aqueles que, ao se compararem com os outros, guardam suas expectativas para as festas de final de ano e tentam lidar com a melancolia que a felicidade forçada do Natal nos impõe. 

 

Como alguém poderia estar triste em uma época de tanta felicidade. Comemorando o nascimento de Cristo, Nosso Salvador?

 

A verdade é que a tristeza é um privilégio humano, pois só o ser humano pode escolher ser triste.

 

Importante ressaltar que tristeza não é sinônimo de mau humor. Conheço ótimas pessoas mal-humoradas, mas extremamente felizes; elas simplesmente não têm paciência para lidar com as banalidades do dia a dia. 

 

Como, então, livrar-se da tal “dezembrite”?  

 

O primeiro passo seria abandonar esse termo, que soa banal. 

 

O segundo, mais importante, é entender que só o ser humano pode escolher ser triste.

 

A tristeza está ligada à consciência; apenas quem pensa é capaz de decidir por ela.

 

(a tal tristeza).

 

Observe a natureza: nada nela é triste.

 

Tudo vibra felicidade.

 

Mesmo os tormentos naturais, como inundações, deslizamentos, terremotos, furacões e erupções, do ponto de vista natural, são ocorrências que cumprem seu propósito, como a erupção de um vulcão ou o transbordamento de um rio.  

 

São eventos naturais que seguem seu curso, independentemente da infelicidade que possam trazer ao ser humano. Ou, talvez, o homem seja o responsável pelas intempéries que o afligem? 

 

Se cabe apenas ao ser humano escolher ser feliz ou triste, também cabe a ele decidir ser bom ou ruim com o mundo ao seu redor, ser honesto e justo ou ganancioso e presunçoso.  

 

A felicidade, portanto, é um estado natural que nós mesmos distorcemos, criando problemas que nos desviam daquilo que é naturalmente nosso: a felicidade.

 

A simples capacidade de acordar e respirar a vida já é um motivo de alegria. No entanto, a felicidade deixou de ser algo natural e passou a ser uma escolha cotidiana.

 

Ao saber que podemos escolher entre ser felizes ou tristes, tornamo-nos responsáveis por essa escolha.

 

Antes de mais nada, precisamos nos responsabilizar por nós mesmos e pelas nossas escolhas.

 

Devemos decidir como viver a nossa vida: de maneira alegre e feliz, ou depressiva e rabugenta.

 

Essa escolha afetará não apenas nossos pensamentos, mas também nossos comportamentos e, por fim, nossos relacionamentos. 

 

Relacionamentos são fundamentais, pois definem quem somos, quem seremos e quem podemos ser. Podemos ser felizes à medida que escolhemos esse caminho e nos cercamos de pessoas que nos inspiram felicidade. 

 

No entanto, parece que a felicidade incomoda. Muitos afirmam que devemos “gritar baixo” nossa felicidade para não despertar a inveja dos outros.  

 

Quem diz isso, no entanto, confunde felicidade com conquistas materiais passageiras. 

 

Felicidade não é algo que se conquista no cotidiano, é algo que se cultiva ao longo de uma vida.

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