Donaldo Amaro é jornalista e escritor, sendo autor de livros e de vários artigos. Foi diretor do tabloide Green Card News e, atualmente, é diretor da revista eletrônica Sou Patos.
– Você já sabe? O Laurindo matou o genro dele!
Era minha mãe dando-me a notícia do assassinato.
Laurindo era um vizinho de quando morávamos numa vila próxima da cidade. Lá, ele sempre trabalhava para meu pai. Era pedreiro, carpinteiro, bombeiro, pintor e até plantações ele fazia. Muito humilde, andava sempre de cabeça baixa e nunca se esquecia de colocar um cigarro de palha atrás da orelha.
Sua esposa, Iracema, conversava pelos cotovelos. E chegava até a ser agressiva por não admitir o meio de vida que levava – a pobreza. Possuíam uma escada de filhos, num total de seis.
Anos depois de mudarmos daquela vila e instalarmos na cidade, ficamos sabendo que o Laurindo, juntamente com os familiares, mudara-se também.
Sempre mantínhamos contato. Por eles ou através de conhecidos e amigos.
Com o correr dos anos, a filha mais velha, Glória, casou-se. A união foi um fracasso. Até mesmo ele, Laurindo, tentava ao máximo dar continuidade, mas o marido espancava-a sempre. Certo dia, quando o pai viu a filha após um espancamento, simplesmente procurou uma arma e golpeou o genro com várias facadas. Foi preso e ficou meses esperando o julgamento.
Naquele período, as dificuldades financeiras aumentaram e uma das filhas mudou-se para Brasília à procura de trabalho e também para sair daquele palco de infelicidade. Iracema, num momento de desespero, com os outros filhos, resolveu partir para São Paulo, capital, numa tentativa de renovar a vida. Como não tinha endereço da filha em Brasília, não houve maneira de comunicar-lhe.
Logo após a partida do restante da família, Laurindo foi a julgamento. Até o Promotor de Justiça pediu ao corpo de jurados a absolvição do réu. Poucas horas depois, ele já havia ganhado a liberdade. Foi cumprimentado pelo Juiz que presidia a sessão e saiu do salão de júri, livre.
Mal despedira-se dos amigos e vizinhos, foi encontrar-se com a esposa e filhos em São Paulo.
Sua filha que estava residindo em Brasília, sabendo da liberdade e da partida do pai para São Paulo, embarcou no primeiro ônibus ao encontro da família.
No percurso, procurou o motorista e explicou-lhe a sua situação: não tinha o endereço de seus pais em São Paulo.
E o ônibus continuava sua viagem, a cada instante aproximando-se do destino.
Ela, aflita, sem saber como fazer. No primeiro sinaleiro da cidade o ônibus parou no sinal vermelho, ela viu e reconheceu dois de seus irmãos, parados na esquina…
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