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O perigo da unanimidade
Se um vereador é eleito por unanimidade para a Presidência de uma Câmara Municipal, surge uma questão importante para a saúde da democracia local.
Basicamente, estamos diante de uma falha democrática.
O saudoso Nelson Rodrigues costumava dizer que “toda unanimidade é burra”.
A lógica por trás dessa frase imortal é que, quando todos concordam cegamente sobre algo ou não existe oposição em uma eleição, estamos diante de uma conformidade generalizada, resultado de pressão política, convenções ou simplesmente da incapacidade para o debate.
A presença de um oponente – mesmo que sua derrota já estivesse prevista – fortaleceria o valor da reflexão individual.
Isso não apenas traria à tona a diversidade de opiniões, como também asseguraria a pluralidade de perspectivas, tão essencial para o avanço do conhecimento e para a construção de representantes sociais em uma democracia mais crítica e consciente.
Se a unanimidade revela a incapacidade de se opor até mesmo às questões mais básicas, como a eleição de uma mesa diretora, o que isso nos diz sobre o nível de independência e responsabilidade dos vereadores em relação a temas mais complexos e cruciais para a cidade?
O medo de perder pode se tornar um obstáculo que impede o ser humano de ser fiel a si mesmo, compelindo-o a tomar decisões baseadas naquilo que lhe é imposto.
Democracia não é sobre isso.
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