A arte, em sua essência, é a linguagem universal que transcende barreiras. É por meio dela que as civilizações expressam suas angústias, celebrações, utopias e retratam realidades. Mas, afinal, por que arte? Essa pergunta, aparentemente simples, carrega uma profundidade que nos conduz a reflexões sobre o papel transformador e indispensável da arte na sociedade.
A arte não é um luxo ou capricho de sociedades prósperas; ela é uma necessidade humana. Conforme disse Friedrich Nietzsche: “Temos a arte para não morrer da verdade”. Ela nos resgata da monotonia e do caos ao nos oferecer novas perspectivas sobre o mundo e sobre nós mesmos. É a arte que provoca, questiona e, ao mesmo tempo, possibilita sonhar com o novo. E o novo sempre vem.
Nos pequenos gestos do artesanato local, nos grafites nas ruas, ou nos espetáculos teatrais, encontramos a alma de uma comunidade. É por isso que a valorização da arte não pode ser relegada a segundo plano pelas gestões municipais. Precisamos cobrar dos governantes locais projetos de investimento para o florescimento da arte e da cultura local. Investir em arte é investir em identidade, pertencimento e desenvolvimento humano.
Patos de Minas é um verdadeiro celeiro de artistas. Ao longo de sua história, a cidade vivenciou uma grande quantidade de grupos de dança, teatro e música que alcançaram reconhecimento regional e nacional. Hoje, mais do que nunca, precisamos de incentivo para que esse legado artístico continue vivo. O Ballet Lúcia Queiroz, por exemplo, levou o nome da cidade a diversos festivais de dança pelo país. As Marias Artesãs, com suas obras em palha, também representam a riqueza da nossa cultura artesanal dentro do Brasil e fora dele pelas mãos sensíveis da artista Marialda Coury. Na dança de rua, o grupo Irmãos de Rua marcou época, deixando saudades e inspiração.
O Festival Marreco e o Espaço Cultural Balaio são outros exemplos de iniciativas que mantêm a chama da cultura acesa em nossa região. No campo das artes plásticas, não podemos deixar de citar o saudoso Sr. Vicente Nepomuceno, um verdadeiro ancião das artes patenses, cuja obra e memória continuam a inspirar novas gerações. Enquanto a educação formal e universitária muitas vezes se limita a formar técnicos, é importante lembrar que outros artistas, como ele, trazem a arte da vida, do coração, como algo que transcende as técnicas e se alimenta da experiência e da alma do ser humano.
Outro exemplo de destaque é o grupo de teatro Akazu. Sob a direção de Rodrigo Caixeta, o grupo realiza uma meticulosa pesquisa para trazer a Patos de Minas e região um trabalho de excelência. O Akazu reafirma o poder transformador do teatro, apresentando espetáculos que dialogam com a realidade e enaltecem a qualidade artística do que é produzido em nossa cidade.
É fundamental que os gestores públicos compreendam a arte como uma ferramenta poderosa para transformação social. Políticas culturais inclusivas podem democratizar o acesso à arte, fomentando talentos locais e promovendo a integração de comunidades. Os espaços que a arte não ocupa acabam sendo ocupados pela criminalidade.
Pablo Picasso dizia que “a arte lava da alma a poeira da vida cotidiana”. Mas ela faz mais do que isso. A arte educa. Ao experimentar uma peça de teatro, um filme ou uma pintura, somos desafiados a sair do nosso próprio mundo, a enxergar o mundo com outros olhos. Arte quebra paradigmas.
Na sala de aula, a arte é um caminho para o aprendizado sensível. Ela não apenas transmite conhecimento, mas o transforma em emoção, tornando-o mais duradouro. A neuroeducação fala sobre o aprendizado eficiente a partir da arte. Em comunidades vulneráveis, projetos culturais podem salvar vidas ao oferecer perspectivas e dar voz a quem foi silenciado.
Infelizmente, a arte tem sido subestimada em sua capacidade de gerar impactos reais. Quando se ignora o potencial da arte, se perde a chance de gerar inclusão.
Precisamos urgentemente de um olhar mais atento para a cultura local, não apenas como entretenimento, mas como um pilar de desenvolvimento humano. É papel de todos – gestores, educadores, artistas e cidadãos – garantir que a arte ocupe seu devido lugar.
A arte é o espelho da sociedade e, ao mesmo tempo, o pincel que redesenha nosso futuro. Ela é a força que conecta gerações, provoca transformações e inspira sonhos. Por isso, ao perguntarmos “Por que arte?”, a resposta só pode ser esta: porque sem arte, não conseguimos imaginar quem somos ou para onde queremos ir. A ideia é que possamos juntos falar sobre arte, cultura e imaginar a Patos do futuro.
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