À ordem

Ernani Spagnuolo

Advogado, Assessor Parlamentar, Cientista Jurídico, Político e Social. Instagram: @uadvogado

Todas as crises existenciais fazem parte de um ciclo contínuo

Todas as crises existenciais que os seres humanos vivenciam em seu cotidiano fazem parte de um ciclo contínuo, uma roda do tempo que leva as histórias se repetirem como se a história de uma família fosse a história de todas as famílias.

 

Todo núcleo familiar, para que seja saudável, deve ser composto de pessoas dedicadas a se respeitarem. Respeitar as vontades, as diferenças, as limitações de cada membro. Desde as tribos mais primitivas, cada indivíduo possuía seu lugar e, consequentemente, suas obrigações com a sua tribo.

 

Em tempos mais remotos, aqueles que não conseguiam cumprir com suas obrigações e até mesmo aqueles nascidos com alguma má formação, eram abandonados à própria sorte. Ainda bem que evoluímos (não tão rápido como seria necessário) a fim de consolidar uma proteção especial e a garantia da dignidade da pessoa com deficiência, incluindo-as obrigatoriamente no mercado de trabalho através do artigo 93 da Lei 8213/1991.

 

Na medida em que a sociedade cumpre seu papel evolutivo através das realizações dos homens, as tribos se tornam maiores e agora são núcleos dentro de uma cidade, que é o que mais perto chegamos até o presente momento de organizar uma sociedade de seres que pensam, mas raramente concordam, pois sempre pensam que sua grandeza seria criar uma única tribo para chamar de sua.

 

Sendo assim, foi necessário estabelecer direitos fundamentais para garantir que cada homem pudesse ser fiel àquilo que acredita, permitindo, assim, que as pessoas partam em busca da grandeza.

 

Essa grandeza muitas das vezes é referida como reconhecimento pelas conquistas de cada um. E bem sabemos que cada um sabe o que seria o valor da grandeza que tem para si. A grandeza de um homem pode ser resumida no fato de que o homem é uma ponte e não um fim em si mesmo.

 

A grandeza se estabelece no momento em que a ponte firma seus alicerces, e dependerá de cada um a transposição da ponte virtuosa ou a queda no abismo das vaidades. Vale lembrar que algumas pessoas, ao invés de pontes, constroem obstáculos, ou melhor, são obstáculos às construções de pontes (a não ser que sejam superfaturadas). Cada um procura aquilo que acredita que poderá lhe tornar grande.

 

Seja construir a ponte para um amor (supostamente) que dure para sempre, seja a realização profissional ou mesmo o encontro, ou a descoberta de pequenos prazeres da vida, que consistem em contemplar o milagre cotidiano de um, novamente, suposto acaso cotidiano.

 

Existe uma sincronicidade em meio ao caos aparente. Muitos se destacam em razão da necessidade das pessoas terem a quem admirar. Ou mesmo criticar. É muito mais fácil transferir as responsabilidades que nos sujeitariam a eventuais problemas, do que encarar as consequências de nossas escolhas. Ao invés da grandeza que poderíamos conquistar, somos forçados e manipulados a aceitar aquilo que uns poucos estabelecem como a grandeza máxima a ser alcançada por determinado indivíduo.

 

Mas, independente dos obstáculos e dos barrancos, tudo se resume nas escolhas que fazemos e nas consequências advindas delas; sempre foi sobre isso. Causa e consequência.

 

Existem vários nomes para as coisas que nos acontecem. Eu sempre gostei da noção de karma e dharma, respeito a crença no pecado, mas acredito que só quem peca é que pode se redimir perante Deus, talvez por medo da danação eterna, mas tenho minhas dúvidas sobre as setenta virgens que esperam aqueles que se explodem em nome de uma causa. Mas se for pensar bem, não deve nem ser recompensa.

 

Acredito no destino. Maktub.

 

Um ser humano que deu sua vida em razão de ter sido manipulado a ponto de acreditar que a solução era explodir outros seres humanos e pior, a si mesmo, merece ter que passar setenta vezes pelo ritual de uma mulher que nunca teve um homem.

 

Mas será que morreram virgens ou foram criadas só para esperar os mártires? Eu preciso consultar e estudar mais sobre isso. Mas, independente, não acho que seja uma recompensa tão válida, quando na verdade essas mulheres podem acabar preferindo umas das outras, do que o coitado explodido.

 

Tudo normal hoje em dia. Azar do radical.

 

Mas voltando ao que interessa, é necessário para que possamos almejar uma sociedade melhor, que todos os seres humanos reconheçam e assumam a responsabilidade por si mesmos.

 

Depois pode-se buscar apontar o dedo para os outros.

 

Parece utópico, mas todas a mudanças começam com ideias que se transformam em ações e que, mesmo diante de tantos percalços, do status quo, do establishment, dos super ricos que buscam maneiras e, ao mesmo tempo, melhoram a própria vida sacrificando aqueles que vivem a margem da sociedade.

 

Existe um preconceito invisível. Invisível porque provavelmente ele não existe na cabeça de 98 por cento da população.

 

Como em alguns países, as pessoas são separadas até por castas, classes sociais, ideias, ideologias. Mas é incrível que, com tanta gente no mundo, somente alguns poucos conseguem enxergar a realidade que nos cerca.

 

Fugir da ignorância. Se desvencilhar dos grilhões que aprisionam nossas capacidades e abandonar todo o julgamento em relação ao próximo, ao ponto de que o espírito colaborativo e não a ganância de ter mais ou ser melhor, seja extirpado das mentes humanas.

 

Apostam em cataclismas, num mundo melhor.

 

Depende do que você acredita, se tem sorte ou azar.

 

Ou se entende que, independente de existir a sorte, provavelmente privilegia os ousados, e o azar se coloca no caminho daqueles que não tem a humildade suficiente para reconhecer que o mundo é muito mais do que enxergamos e as pessoas são seres únicos que deveriam ser reconhecidas como tal.

 

Mas talvez mais ainda, as pessoas são do jeito que são em razão da necessidade de complementarem o ciclo de desenvolvimento pessoal para que a evolução siga seu caminho.

 

Reza a lenda que, quando o aluno está pronto, o mestre aparece. E diz mais: que todo mestre será traído por seu aluno, que tomará o lugar daquele que outrora o ensinara. Sempre as histórias de evolução têm um quê de tragédia, sofrimento e traição.

 

Talvez ainda existam algumas histórias onde o mestre, que sendo mestre, deve ter a humildade suficiente para reconhecer que foi superado por seu aluno.

 

E deveria se orgulhar de ter sido um mestre competente, a ponto de formar aquele que poderá dar continuidade aos ensinamentos, já que ninguém é imortal.

 

As pessoas se tornam imortais pelas lembranças que deixam naqueles com quem criaram conexões, e também deixam obras de arte, científicas, arquitetônicas, que até mesmo o implacável tempo cumprirá com a função de renovação.

 

De início e de fim de ciclos.

 

Toda civilização tem seu ápice e seu declínio.

 

Interessante notar que esses momentos só são reconhecidos depois de muito tempo passado. De
análises sobre as histórias que contam sobre o que ocorreu, e nos livros que foram escritos por aqueles que tinham sua própria visão do que havia acontecido.

 

É estranho pensar que a cada minuto nos aproximamos ainda mais de uma grande revelação.

 

Queria ter a sorte de poder ver tudo isso acontecer. E que você estivesse presente. 

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