Observatório

Pauliane Oliveira

Advogada, especializada pela Faculdade CNA – Confederação Nacional da Agricultura – em parceria com o IBDA – Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio – em Direito e Economia nos Sistemas Agroindustriais e com formação executiva em frentes ligadas ao Direito do Agronegócio e Cadeiras Produtivas, Operações Estruturadas e Finanças Verdes pelo INSPER, Uqbar e IBDA e Unipam. Sócia SantOliveira Advogados. Sócia e Analista Convidada Canal Multiplataforma 100Porcentoagro. Membro Comissão Agro OAB/MG. Membro LACLIMA. Secr. Adj. OAB/MG 45ª Patos de Minas.

Você sabe quem você é para além do que você faz?

 

Talvez isso não soe tão claro pra você, mas é uma reflexão importante a se fazer na vida, especialmente se você é uma pessoa ligada no 220V, que considera seu negócio, sua profissão, seus afazeres, como as questões que têm a condição de dizer quem você é e o seu valor.

 

Talvez você não tenha se atentado para essa reflexão porque é uma pessoa que está mergulhada no trabalho, nas tarefas, nas demandas tão urgentes de todos e não tenha restado tempo suficiente para pensar em você mesmo nesse sentido.

 

É bem provável, mas não é uma certeza pra alguns, que o que você faz também faça parte de quem você é. E se você for do tipo que ama muito o que faz e como se sente desenvolvendo alguns papéis, por exemplo, no trabalho, no seu negócio, na maternidade, na paternidade, numa relação afetiva, corre-se o risco de a entrega ser além a ponto de não permitir que você simplesmente seja você.

 

E é aí que mora o perigo… Porque no momento em que o trabalho e o negócio não dependerem mais de você, ou não puderem depender de você simplesmente pela falta total de disponibilidade física/mental/emocional e etc da sua parte, o que sobrará de você?

 

No momento em que seus filhos crescerem e estiverem seguindo seus próprios caminhos, quem será você? Ainda existirá uma mulher ou um homem antes do maternar/paternar?

 

Eventualmente se seu relacionamento afetivo, seu casamento, etc terminar, o que restará? Você ainda reconhecerá quem você é mesmo depois disso?

 

Sua essência sobreviverá a esses fatos?

 

Se você considera valor apenas no que você faz, no que você oferece para seus empreendimentos, para as pessoas ao seu redor, é bem provável que você tenha se esquecido de simplesmente SER, ou melhor, vamos reformular… é provável que você não veja quem você É para além do que você FAZ.

 

O Padre Fábio de Melo disse uma certa vez o seguinte:

 

“Ter que ser útil pra alguém é uma coisa muito cansativa. É interessante você saber fazer as coisas, mas acredito que a utilidade é um território muito perigoso porque, muitas vezes, a gente acha que o outro gosta da gente, mas não. Ele está interessado naquilo que a gente faz por ele. E é por isso que a velhice é esse tempo em que passa a utilidade e aí fica só o seu significado como pessoa. Eu acho que é um momento que a gente purifica, né? É o momento em que a gente vai ter a oportunidade de saber quem nos ama de verdade”.

 

É tranquilo pra você ler esse texto e se tranquilizar que pessoas amam você independente do que você faz por elas?

 

E se, ao contrário, ao ler o dito acima, seu coração ficar sensível por não ter a certeza de ser amado por alguém será um sinal de supervalorização por você mesmo do que FAZER PARA SER?

 

Há muitas perguntas aqui e poucas respostas. Porque, de verdade, a melhor resposta está dentro de você ao se olhar e se reconhecer. 

 

Mas uma coisa apenas precisa ser dita: você é mais do que o que você FAZ, seja para um trabalho, um projeto ou mesmo para alguém ou alguma ideia. Você existe. Você está aqui. Vivo. Corre sangue em suas veias. Há vida pra viver independente da sua condição.

 

E, mesmo assim, com tanta VIDA à disposição, experimentar a inutilidade é bem ousado, você não acha? É ousado com você mesmo, é ousado para com aqueles com os quais você se relaciona, é ousado simplesmente, eu concluo.

 

Experimentar a inutilidade é um autoconvite à descoberta de quem você é. Às vezes pode ser ruim, às vezes uma grata surpresa. Mas… que possa ser o quanto antes. Assim, o quanto antes você saberá com quem irá conviver quando não tiver o que FAZER – você mesmo. E também assim você saberá quem ama você para além da sua utilidade, quem estará com você sendo quem você é somente, sem que você tenha perdido VALOR aos olhos dessa pessoa. 

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